A programação da II Mostra do Samba de Roda do Recôncavo Baiano segue seu itinerário e chega até Maragojipe, movimentando um público diverso. Hoje (18/8) pela manhã foi realizado no Auditório da Secretaria de Cultura em Maragojipe, Bahia, o Seminário Produção Cultural com Culturas Populares.
A mediadora Luiza Mahin Nascimento observou a importância da pesquisa na elaboração de projetos culturais. A importância da participação dos filhos de mestres, dos portadores do conhecimento no direcionamento desses processos de produção e organização da cultura.
Afonso Oliveira |
O produtor cultural
pernambucano Afonso Oliveira compartilhou a experiência do Movimento
Canavial/Ponto de Cultura Estrela de Ouro, desenvolvida lá em
Pernambuco. A experiência do grupo é ampla e envolve educação e
comunicação. “Nós precisamos de um exército de produtores
culturais para cuidar da cultura popular. Isso não virá das
universidades e sim das comunidades, dos grupos. Aqui são mais de
160 grupos de samba. Quem vai cuidar disso tudo?”, enfatizou.
André Reis |
André
Reis compartilhou um pouco dos seus aprendizados à frente da
secretário de cultura de Maragojipe. Para Reis, o
gestor público, antes de qualquer coisa, precisa ouvir a comunidade.
“Estamos discutindo muito a profissionalização dos grupos. A
organização deles, institucionalização. Essa é uma demanda
decorrente da captação de recursos. E, principalmente, de captação
direta. Então estamos indo em direção à economia da cultura.
Estamos criando a Agência Criativa para fomentar a economia da
cultura, a geração de emprego. Estamos cuidando também do registro
dos ofícios como o das ceramistas, por exemplo”.
Observar a dimensão
sensorial e simbólica sem a necessidade de sobrepor uma coisa à
outra é a proposta do antropólogo Ari
Lima. “Mais que pensar o popular e cair em
hierarquizações, vamos pensar na cultura e nos diversos contextos
em que ela se manifesta. Assim, mais que pensar uma política para a
cultura popular é pensar uma política cultural”.
Ari Lima |
O pesquisador observa
que a grande ameaça às culturas diversas é a cultura de massa. Ele
diz que, apesar de nem sempre ser negativa. A cultura de massa segue
a lógica do mercado, da mercadoria quando nós precisamos pensar a
cultura como forma de humanização, que articula as diversas
dimensões da vida.
Déa Melo, comunicadora
e pesquisadora das danças sagradas, que veio junto com a caravana do
Carimbó, do Pará iniciou sua fala, lembrando do Mestre Paião de
Teodoro Sampaio: “Se me convidam para um trabalho eu fico feliz
porque vou ganhar dinheiro. Se me convidam para um samba eu fico mais
feliz ainda porque vou ganhar alianças”. “Essa fala nos revela
vida em comunidade, carinho sócio ambiental, cuidado coletivo.
Revela um caminho de sociedade com mais qualidade”, defende Déa.
Déa... o que nosso querido Mestre Paião fala ao final da sua fala é "...vou ganhar audiência..." Mestre é assim mesmo, faz ouvirmos aquilo que acreditamos!!!
ResponderExcluirMinhoca saudações paraoaras... esta matéria não contempla nem a palavra que usei, nem a abordagem que propus em minha fala nesta mesa. No vídeo "Cantador de Chula", entendo Paião falar "guiança" e não "audiência", nem tão pouco "aliança". Definir a palavra, talvez não seja o mais importante; já que os mestres de fato nos fazem "ouvir" o que acreditamos, como bem colocas. Parece então, que o convite da tradição oral é mais orgânico - entrarmos na roda e compreendermos com nossas múltiplas linguagens humanas como o canto, a dança, o ritmo - nossas crenças e valores mais íntimos, com vistas a projetos e produções culturais transformadoras do mundo exterior. Dancemos por uma Comunicação mais integrada e criativa. Valeu!!
ResponderExcluir